quinta-feira, 19 de maio de 2016

Disciplina de Sociologia Leitura complementar

3º ano do Ensino Médio


2ª ATIVIDADE

Disciplina de Sociologia

Conteúdo: Política

A palavra política costuma ser usada de diferentes maneiras no cotidiano das pessoas. Uma delas, a mais frequente, se refere às ações dos governos e de seus opositores. Tem a ver, por exemplo, com o discurso de um deputado ou senador na tribuna, ou com uma reunião de partido. Nesse sentido, a política diz respeito a uma atividade específica de certas pessoas: os políticos profissionais. Estes disputam permanentemente espaço nos órgãos da administração pública, como parlamento e ministérios.
Figura 1: Câmara dos Deputados, Brasília

Se política quer dizer isso em sentido específico, em sentido geral política engloba toda e qualquer atividade humana que se destina a um fim, a um objetivo, a uma forma de organizar as atividades humanas. Desse modo, falamos de “política da escola”, “política do hospital”, “política da empresa”, “política sindical”, e por aí vai.  A maneira como uma instituição define sua estratégia de atuação ou a administração de seus recursos é, por assim dizer, política. Ainda nesse sentido, não só as instituições, mas também as pessoas comuns, todas, fazem política em seu cotidiano – no trabalho, na relação com os amigos, e até no amor. Dizemos às vezes: “Você precisa ser mais político” – o que não significa dizer “ser mais politizado” ou se interessar mais por “política”. A atividade política tem como finalidade prática a conservação ou a transformação das condições objetivas da sociedade.

                   Figura 2: Político

No primeiro sentido que damos à palavra política – que é o que nos interessa aqui – a “política” figura como alguma coisa distante da vida comum das pessoas ou da sociedade em que vivemos, já que acreditamos não ser praticada por nós mesmos, mas por “outros”, os políticos profissionais (deputados, senadores, ministros, governantes). A ideia de que a política não tem a ver conosco é resultado, em grande parte, da maneira negativa como a enxergamos – um jogo de interesses escusos e de práticas desonestas, contrário ao interesse público. Para muita gente, os políticos são pessoas desonestas e descomprometidas com o bem comum – “político é tudo ladrão”, dizem por aí.
Contudo, além de ser uma generalização (e, como toda generalização, um preconceito) a política não é praticada apenas pelos políticos profissionais, e tampouco se restringe aos grandes centros de tomada de decisão (assembleias legislativas, palácios presidenciais).  É, sim, feita por todos nós, cidadãos comuns, nas urnas, nos protestos de rua, nas marchas e passeatas populares que levantam bandeiras e defendem causas de setores ou grupos da sociedade. Você já refletiu sobre isso?
Assim, uma parada gay e uma greve de professores da rede pública ou privada de ensino são exemplos de mobilização política – porque incidem sobre a classe política propriamente dita, influenciando a produção legislativa e as decisões de governo. Mesmo as pessoas que se recusam a votar neste ou naquele candidato, ou a sair às ruas para protestar contra o que quer que seja, declarando-se “apolíticas”, agem politicamente, pois sua decisão de não participar, de não exercer seus direitos políticos, acaba favorecendo o grupo político que está na situação ou no comando.


A invenção da política pelos gregos

Costumamos dizer que os gregos antigos “inventaram” a política. Inventaram-na porque, antes de qualquer outro povo, pensaram a sociedade como um campo em que os homens têm papel ativo e decisivo, diferentemente da natureza, que não pode ser modificada mediante a vontade ou a iniciativa dos seres humanos. A ação política ficou assim entendida pelos gregos da Antiguidade como toda ação humana que pretende moldar a sociedade, estabelecendo suas regras de funcionamento e padrões de convivência.
No universo grego tradicional, a cidade (polis) é o centro de referência ou de gravitação da vida política – não por acaso, a palavra “política” vem daí. Tudo que acontece na cidade é de caráter público e, portanto, político. Assim, a política diz respeito à administração da cidade, dos negócios públicos, o que fica a cargo não de pessoas específicas ou treinadas para isso, mas de todos os cidadãos reunidos em
praça pública ou assembleia – era assim que os gregos faziam política: todos participando diretamente da “agenda de governo” da cidade.
Determinadas instituições sociais, mesmo não sendo a rigor “políticas”, atuam politicamente na sociedade ao influenciar o comportamento de indivíduos e grupos, seja em favor do poder, seja na contramão deste. Esse é o caso da Igreja Católica, que durante o século XX se opôs abertamente ao regime comunista instalado nos países do leste europeu, de onde o catolicismo ortodoxo foi banido pelos soviéticos.
As revoluções e os movimentos sociais são geralmente formas de atividade política que se destinam a provocar mudanças na sociedade, de modo turbulento e radical (primeiro caso) ou brando e gradual (segundo caso). Como exemplos de atividades políticas de caráter conservador e transformador (ou progressista), podemos mencionar, respectivamente, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade (1964), que reuniu centenas de pessoas nas ruas de São Paulo contra o governo do presidente João Goulart (1961-1964), ajudando a precipitar o golpe militar de 1964, que o derrubou do poder, e a campanha das Diretas Já (1983-1984), movimento popular em favor das eleições diretas para Presidente da República, “trancadas” pelo regime ditatorial. instalado no país pelos militares.

Revoluções e seus impactos

Figura 4: Revolução francesa

As revoluções são acontecimentos políticos pouco comuns na vida dos povos. Algumas revoluções tiveram impacto não só sobre a sociedade que lhe serviu de palco como também fora dela – exemplo: a Revolução Francesa, cujos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade se espalharam por todo o Ocidente. Já a revolução socialista cubana, que levou seu líder Fidel Castro ao poder em 1959, não se propagou por outros países do continente, apesar da tentativa de Che Guevara (“braço direito” de Fidel), morto na selva da Bolívia pelo exército deste país.
Podemos concluir que a política, em sentido restrito, tem a ver com o poder.  Daí a política significar, para o grande sociólogo Max Weber (1864-1920), “a participação no poder ou a luta para influir na distribuição do poder, seja entre Estados ou entre grupos dentro de um Estado” (Weber, 1974). Contudo, como assinalamos acima, tomam partena política não só seus respectivos especialistas – os “políticos” –, mas os cidadãos em geral. Estes atuam politicamente não apenas de tempo em tempo, nas eleições, mas de muitas outras formas, regularmente – nas associações de moradores, que formam para cobrar dos governos obras de melhoria e infraestrutura; nas mobilizações e campanhas contra a corrupção na esfera pública.
Se a política pode ser às vezes definida como “um mar de lama” pela sociedade, já descrente, não deixa de ser ela, todavia, um mecanismo de estruturação da sociedade, na medida em que fixa leis e impõe regras de sociabilidade, indispensáveis à vida coletiva – os antigos (gregos e romanos) viam a política como a mais alta expressão da dignidade humana, já que libertava o homem da barbárie primitiva e o inseria na esfera do mundo civilizado.
O mal não está, portanto, na política, mas neles próprios. O mesmo ocorre em outros campos da vida social, como na religião, cujos princípios gerais são por vezes corrompidos ou deturpados para benefício de seus líderes e prejuízo dos fiéis – “homens são homens”, já disse Shakespeare. Contra os “males da política” – ou, quem sabe, da própria natureza humana – existem remédios institucionais que, se não eliminam de todo a doença, a torna menos nefasta para a sociedade. Um desses “remédios” é o princípio da divisão do poder (concebido no século XVIII), do qual falaremos mais adiante, nas próximas discussões.

IMPORTANTE
Autorreflexão sobre a nossa responsabilidade com a política governamental

Você lembra em quem votou para presidente na última eleição? E para deputado estadual e federal? Na esfera municipal, lembra em quem votou para prefeito e vereador?  Esse é um bom exercício de consciência política que nos ajuda a medir o quanto estamos exercendo o direito de fiscalizar os mandatos de nossos representantes e participar ativamente do processo eleitoral.

* Este material é uma adaptação dos Módulos produzidos pela Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro intitulado “Ciências Humanas e suas tecnologias” de autoria da CECIERJ.

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