1º ano EJA
6ª ATIVIDADE
Disciplina de
Sociologia
Seção 3 –
Unidade I
Cultura,
diversidade cultural e identidade
A
partir das noções de etnocentrismo e
relativismo cultural discutidas na
seção anterior, podemos começar a refletir sobre como nascem os choques culturais. O antropólogo Everardo
Rocha diz que “a diferença é
ameaçadora porque fere nossa própria identidade cultural”. Mas, o que
podemos entender por identidade cultural?
Podemos
estabelecer um nexo entre identidade, ideologia e representações coletivas,
como propõe o antropólogo Roberto Cardoso de Oliveira. Para este autor, a identidade social é uma ideologia e uma
forma de representação coletiva. Trocando em miúdos, a identidade social significa a forma como nos apresentamos ou nos
mostramos ao mundo. É como achamos que somos e como dizemos que somos.
Muitas vezes consideramos que somos de uma
forma; que nascemos dessa forma e
não conseguimos enxergar o peso da cultura na nossa formação. A identidade social
também está relacionada à forma como somos vistos, que imagem fazem de nós (e
que às vezes não corresponde à imagem que temos de nós mesmos) e que exigências
nos colocam para desempenhar e cumprir os nossos vários papéis identitários.
Um
mesmo indivíduo pode ter várias identidades sociais, visto que participa de
diferentes grupos sociais ao longo da vida e estabelece vários papéis em cada
um deles, em cada momento. Logo, as
identidades são construídas ao longo de um processo e estão intimamente
relacionadas com a biografia e a trajetória de vida dos indivíduos, e estão
inscritas nos sistemas de relações sociais que lhes originaram.
ATIVIDADE
No texto “O impacto do conceito de cultura sobre o conceito de homem”, o antropólogo Clifford Geertz faz a seguinte afirmação: “Um dos fatos mais significativos a nosso respeito pode ser, finalmente, que todos nós começamos com o equipamento natural para viver milhares de espécies de vidas, mas terminamos por viver apenas uma espécie” (1989, p.57). O que ele pretende dizer com isso? Você acha que viveria a mesma vida se tivesse nascido em outro lugar? Como você acha que a noção de cultura influencia na identidade de grupos ou pessoas?
Identidade,
pertencimento e diversidade cultural: muitos Brasis em um Brasil
Quando
falamos em diversidade cultural
entendemos que há distintas sociedades e culturas. Em diferentes tempos e
espaços, os seres humanos adotam maneiras variadas de convivência, valorizando
suas diferenças e criando formas de expressá-las em seu meio social. São justamente as diferenças sociais que
traduzem a possibilidade de os indivíduos ampliarem suas experiências culturais
na sociedade, à medida que podem recriar, dentre outros, valores, normas,
ideias, saberes, hábitos e crenças. Desta forma, os sujeitos recriam permanentemente
a própria cultura; como diria o antropólogo Roque Laraia, a cultura é dinâmica, está em constante
movimento e recriação.
A
diversidade cultural é um
conceito abrangente, dizendo respeito ao complexo de diferenças culturais que
podemos observar entre os indivíduos, tais como linguagem, danças, vestuário,
tradições, preceitos morais, religião e as próprias formas de os indivíduos se
organizarem em determina da sociedade. Este
conceito diz respeito à variedade de práticas culturais e ideias expressas pelas
pessoas em determinado ambiente social. (SOUSA, 2008, p. 132).
As
regiões brasileiras apresentam diferentes peculiaridades culturais, que podem
se expressar a partir das comidas,
bebidas, vestimentas, formas de falar, danças etc. No Nordeste, a cultura é
representada através de danças e
festas como o bumba-meu-boi, maracatu, caboclinhos, carnaval, ciranda, coco,
reisado, frevo, cavalhada e poeira,
dentre outras. O Centro-Oeste brasileiro tem sua cultura representada pelas Cavalhadas e Procissão do
Fogaréu, no Estado de Goiás, o Cururu em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. As representações culturais do
Norte do Brasil estão em festas populares como o Círio de Nazaré. No Sudeste, varias festas populares de
cunho religioso são celebradas, como os festejos de Páscoa e dos Santos Padroeiros, com destaque para a peregrinação a
Aparecida (SP), congada, cavalhadas em
Minas Gerais, bumba-meu-boi, carnaval, peão-boiadeiro. O Sul apresenta aspectos
culturais dos imigrantes
portugueses, espanhóis e principalmente alemães e italianos. Algumas cidades
celebram tradições dos antepassados
em festas típicas como a Festa da Uva (cultura italiana) e a Oktoberfest (cultura alemã), o fandango de
influência portuguesa e espanhola, pau de fita e congada.
Identidade e
globalização
O
sociólogo Manuel Castells considera que atualmente nosso mundo vem sendo
moldado pelas tendências conflitantes da globalização
e da identidade. Para ele, “a
revolução da tecnologia da informação e a reestruturação do capitalismo
introduziram uma nova forma de sociedade, a sociedade em rede” (Castells, 2002:
17). Mas, o que será que o autor quer dizer com o termo sociedade em rede?
A sociedade em rede se
caracteriza pela globalização das atividades econômicas, pela sua organização
em redes, pela instabilidade dos empregos, pela virtualidade construída pelos
sistemas de mídia altamente diversificados e pela transformação do tempo e
espaço de nossas vidas.
Essa forma de organização social penetra por todos os níveis da sociedade e
está sendo difundida em todo o mundo, abalando instituições, transformando
culturas, criando riquezas, induzindo a pobreza. Por outro lado, a internet
também se torna um instrumento poderoso para movimentos sociais, que passam a
utilizar esse instrumento em resposta à globalização computadorizada dos
mercados financeiros.
O
mundo atual apresenta, portanto, uma interação entre a globalização induzida
pela tecnologia, o poder da identidade (sexual, religiosa, étnica, territorial
etc) e as instituições do Estado. Ao mesmo tempo em que o processo de
globalização econômica avança e continua a produzir pobreza e desigualdades sociais,
os movimentos sociais e as pessoas que se organizam em redes formam ações
coletivas que podem transformar os valores e instituições da sociedade
(Castells, 2002).
Para alguns autores, como Manuel Castells, o processo de globalização tecnoeconômica que vem moldando nosso mundo está sendo contestado e será, em última análise, transformado, a partir de uma multiplicidade de fatores, de acordo com diferentes culturas, histórias e geografias” (Castells, 2002:19).
Para alguns autores, como Manuel Castells, o processo de globalização tecnoeconômica que vem moldando nosso mundo está sendo contestado e será, em última análise, transformado, a partir de uma multiplicidade de fatores, de acordo com diferentes culturas, histórias e geografias” (Castells, 2002:19).
* Este material é uma adaptação dos Módulos produzidos
pela Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro intitulado “Ciências
Humanas e suas tecnologias” de autoria da CECIERJ

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