quinta-feira, 19 de maio de 2016

1º ano EJA

6ª ATIVIDADE

Disciplina de Sociologia

Seção 3 – Unidade I
                                                                       
Cultura, diversidade cultural e identidade

A partir das noções de etnocentrismo e relativismo cultural discutidas na seção anterior, podemos começar a refletir sobre como nascem os choques culturais. O antropólogo Everardo Rocha diz que “a diferença é ameaçadora porque fere nossa própria identidade cultural”. Mas, o que podemos entender por identidade cultural?
Podemos estabelecer um nexo entre identidade, ideologia e representações coletivas, como propõe o antropólogo Roberto Cardoso de Oliveira. Para este autor, a identidade social é uma ideologia e uma forma de representação coletiva. Trocando em miúdos, a identidade social significa a forma como nos apresentamos ou nos mostramos ao mundo. É como achamos que somos e como dizemos que somos. Muitas vezes consideramos que somos de uma
forma; que nascemos dessa forma e não conseguimos enxergar o peso da cultura na nossa formação. A identidade social também está relacionada à forma como somos vistos, que imagem fazem de nós (e que às vezes não corresponde à imagem que temos de nós mesmos) e que exigências nos colocam para desempenhar e cumprir os nossos vários papéis identitários.
Um mesmo indivíduo pode ter várias identidades sociais, visto que participa de diferentes grupos sociais ao longo da vida e estabelece vários papéis em cada um deles, em cada momento. Logo, as identidades são construídas ao longo de um processo e estão intimamente relacionadas com a biografia e a trajetória de vida dos indivíduos, e estão inscritas nos sistemas de relações sociais que lhes originaram.

ATIVIDADE

No texto “O impacto do conceito de cultura sobre o conceito de homem”, o antropólogo Clifford Geertz faz a seguinte afirmação: “Um dos fatos mais significativos a nosso respeito pode ser, finalmente, que todos nós começamos com o equipamento natural para viver milhares de espécies de vidas, mas terminamos por viver apenas uma espécie (1989, p.57). O que ele pretende dizer com isso? Você acha que viveria a mesma vida se tivesse nascido em outro lugar? Como você acha que a noção de cultura influencia na identidade de grupos ou pessoas? 

Identidade, pertencimento e diversidade cultural: muitos Brasis em um Brasil

Quando falamos em diversidade cultural entendemos que há distintas sociedades e culturas. Em diferentes tempos e espaços, os seres humanos adotam maneiras variadas de convivência, valorizando suas diferenças e criando formas de expressá-las em seu meio social. São justamente as diferenças sociais que traduzem a possibilidade de os indivíduos ampliarem suas experiências culturais na sociedade, à medida que podem recriar, dentre outros, valores, normas, ideias, saberes, hábitos e crenças. Desta forma, os sujeitos recriam permanentemente a própria cultura; como diria o antropólogo Roque Laraia, a cultura é dinâmica, está em constante movimento e recriação.
           A diversidade cultural é um conceito abrangente, dizendo respeito ao complexo de diferenças culturais que podemos observar entre os indivíduos, tais como linguagem, danças, vestuário, tradições, preceitos morais, religião e as próprias formas de os indivíduos se organizarem em determina da sociedade. Este conceito diz respeito à variedade de práticas culturais e ideias expressas pelas pessoas em determinado ambiente social. (SOUSA, 2008, p. 132).
As regiões brasileiras apresentam diferentes peculiaridades culturais, que podem se expressar a partir das comidas, bebidas, vestimentas, formas de falar, danças etc. No Nordeste, a cultura é representada através de danças e festas como o bumba-meu-boi, maracatu, caboclinhos, carnaval, ciranda, coco, reisado, frevo, cavalhada e poeira, dentre outras. O Centro-Oeste brasileiro tem sua cultura representada pelas Cavalhadas e Procissão do Fogaréu, no Estado de Goiás, o Cururu em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. As representações culturais do Norte do Brasil estão em festas populares como o Círio de Nazaré. No Sudeste, varias festas populares de cunho religioso são celebradas, como os festejos de Páscoa e dos Santos Padroeiros, com destaque para a peregrinação a Aparecida (SP), congada, cavalhadas em Minas Gerais, bumba-meu-boi, carnaval, peão-boiadeiro. O Sul apresenta aspectos culturais dos imigrantes portugueses, espanhóis e principalmente alemães e italianos. Algumas cidades celebram tradições dos antepassados em festas típicas como a Festa da Uva (cultura italiana) e a Oktoberfest (cultura alemã), o fandango de influência portuguesa e espanhola, pau de fita e congada.
Identidade e globalização

O sociólogo Manuel Castells considera que atualmente nosso mundo vem sendo moldado pelas tendências conflitantes da globalização e da identidade. Para ele, “a revolução da tecnologia da informação e a reestruturação do capitalismo introduziram uma nova forma de sociedade, a sociedade em rede” (Castells, 2002: 17). Mas, o que será que o autor quer dizer com o termo sociedade em rede?
A sociedade em rede se caracteriza pela globalização das atividades econômicas, pela sua organização em redes, pela instabilidade dos empregos, pela virtualidade construída pelos sistemas de mídia altamente diversificados e pela transformação do tempo e espaço de nossas vidas. Essa forma de organização social penetra por todos os níveis da sociedade e está sendo difundida em todo o mundo, abalando instituições, transformando culturas, criando riquezas, induzindo a pobreza. Por outro lado, a internet também se torna um instrumento poderoso para movimentos sociais, que passam a utilizar esse instrumento em resposta à globalização computadorizada dos mercados financeiros.
O mundo atual apresenta, portanto, uma interação entre a globalização induzida pela tecnologia, o poder da identidade (sexual, religiosa, étnica, territorial etc) e as instituições do Estado. Ao mesmo tempo em que o processo de globalização econômica avança e continua a produzir pobreza e desigualdades sociais, os movimentos sociais e as pessoas que se organizam em redes formam ações coletivas que podem transformar os valores e instituições da sociedade (Castells, 2002).
Para alguns autores, como Manuel Castells, o processo de globalização tecnoeconômica que vem moldando nosso mundo está sendo contestado e será, em última análise, transformado, a partir de uma multiplicidade de fatores, de acordo com diferentes culturas, histórias e geografias” (Castells, 2002:19).

* Este material é uma adaptação dos Módulos produzidos pela Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro intitulado “Ciências Humanas e suas tecnologias” de autoria da CECIERJ

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua participação é fundamental!