domingo, 29 de maio de 2016

Disciplina de Sociologia - Leitura complementar

3º ano do Ensino Médio


2ª ATIVIDADE

Disciplina de Sociologia

Conteúdo: Política

A palavra política costuma ser usada de diferentes maneiras no cotidiano das pessoas. Uma delas, a mais frequente, se refere às ações dos governos e de seus opositores. Tem a ver, por exemplo, com o discurso de um deputado ou senador na tribuna, ou com uma reunião de partido. Nesse sentido, a política diz respeito a uma atividade específica de certas pessoas: os políticos profissionais. Estes disputam permanentemente espaço nos órgãos da administração pública, como parlamento e ministérios.
Figura 1: Câmara dos Deputados, Brasília

Se política quer dizer isso em sentido específico, em sentido geral política engloba toda e qualquer atividade humana que se destina a um fim, a um objetivo, a uma forma de organizar as atividades humanas. Desse modo, falamos de “política da escola”, “política do hospital”, “política da empresa”, “política sindical”, e por aí vai.  A maneira como uma instituição define sua estratégia de atuação ou a administração de seus recursos é, por assim dizer, política. Ainda nesse sentido, não só as instituições, mas também as pessoas comuns, todas, fazem política em seu cotidiano – no trabalho, na relação com os amigos, e até no amor. Dizemos às vezes: “Você precisa ser mais político” – o que não significa dizer “ser mais politizado” ou se interessar mais por “política”. A atividade política tem como finalidade prática a conservação ou a transformação das condições objetivas da sociedade.

                   Figura 2: Político

No primeiro sentido que damos à palavra política – que é o que nos interessa aqui – a “política” figura como alguma coisa distante da vida comum das pessoas ou da sociedade em que vivemos, já que acreditamos não ser praticada por nós mesmos, mas por “outros”, os políticos profissionais (deputados, senadores, ministros, governantes). A ideia de que a política não tem a ver conosco é resultado, em grande parte, da maneira negativa como a enxergamos – um jogo de interesses escusos e de práticas desonestas, contrário ao interesse público. Para muita gente, os políticos são pessoas desonestas e descomprometidas com o bem comum – “político é tudo ladrão”, dizem por aí.
Contudo, além de ser uma generalização (e, como toda generalização, um preconceito) a política não é praticada apenas pelos políticos profissionais, e tampouco se restringe aos grandes centros de tomada de decisão (assembleias legislativas, palácios presidenciais).  É, sim, feita por todos nós, cidadãos comuns, nas urnas, nos protestos de rua, nas marchas e passeatas populares que levantam bandeiras e defendem causas de setores ou grupos da sociedade. Você já refletiu sobre isso?
Assim, uma parada gay e uma greve de professores da rede pública ou privada de ensino são exemplos de mobilização política – porque incidem sobre a classe política propriamente dita, influenciando a produção legislativa e as decisões de governo. Mesmo as pessoas que se recusam a votar neste ou naquele candidato, ou a sair às ruas para protestar contra o que quer que seja, declarando-se “apolíticas”, agem politicamente, pois sua decisão de não participar, de não exercer seus direitos políticos, acaba favorecendo o grupo político que está na situação ou no comando.


A invenção da política pelos gregos

Costumamos dizer que os gregos antigos “inventaram” a política. Inventaram-na porque, antes de qualquer outro povo, pensaram a sociedade como um campo em que os homens têm papel ativo e decisivo, diferentemente da natureza, que não pode ser modificada mediante a vontade ou a iniciativa dos seres humanos. A ação política ficou assim entendida pelos gregos da Antiguidade como toda ação humana que pretende moldar a sociedade, estabelecendo suas regras de funcionamento e padrões de convivência.
No universo grego tradicional, a cidade (polis) é o centro de referência ou de gravitação da vida política – não por acaso, a palavra “política” vem daí. Tudo que acontece na cidade é de caráter público e, portanto, político. Assim, a política diz respeito à administração da cidade, dos negócios públicos, o que fica a cargo não de pessoas específicas ou treinadas para isso, mas de todos os cidadãos reunidos em
praça pública ou assembleia – era assim que os gregos faziam política: todos participando diretamente da “agenda de governo” da cidade.
Determinadas instituições sociais, mesmo não sendo a rigor “políticas”, atuam politicamente na sociedade ao influenciar o comportamento de indivíduos e grupos, seja em favor do poder, seja na contramão deste. Esse é o caso da Igreja Católica, que durante o século XX se opôs abertamente ao regime comunista instalado nos países do leste europeu, de onde o catolicismo ortodoxo foi banido pelos soviéticos.
As revoluções e os movimentos sociais são geralmente formas de atividade política que se destinam a provocar mudanças na sociedade, de modo turbulento e radical (primeiro caso) ou brando e gradual (segundo caso). Como exemplos de atividades políticas de caráter conservador e transformador (ou progressista), podemos mencionar, respectivamente, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade (1964), que reuniu centenas de pessoas nas ruas de São Paulo contra o governo do presidente João Goulart (1961-1964), ajudando a precipitar o golpe militar de 1964, que o derrubou do poder, e a campanha das Diretas Já (1983-1984), movimento popular em favor das eleições diretas para Presidente da República, “trancadas” pelo regime ditatorial. instalado no país pelos militares.

Revoluções e seus impactos

Figura 4: Revolução francesa

As revoluções são acontecimentos políticos pouco comuns na vida dos povos. Algumas revoluções tiveram impacto não só sobre a sociedade que lhe serviu de palco como também fora dela – exemplo: a Revolução Francesa, cujos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade se espalharam por todo o Ocidente. Já a revolução socialista cubana, que levou seu líder Fidel Castro ao poder em 1959, não se propagou por outros países do continente, apesar da tentativa de Che Guevara (“braço direito” de Fidel), morto na selva da Bolívia pelo exército deste país.
Podemos concluir que a política, em sentido restrito, tem a ver com o poder.  Daí a política significar, para o grande sociólogo Max Weber (1864-1920), “a participação no poder ou a luta para influir na distribuição do poder, seja entre Estados ou entre grupos dentro de um Estado” (Weber, 1974). Contudo, como assinalamos acima, tomam partena política não só seus respectivos especialistas – os “políticos” –, mas os cidadãos em geral. Estes atuam politicamente não apenas de tempo em tempo, nas eleições, mas de muitas outras formas, regularmente – nas associações de moradores, que formam para cobrar dos governos obras de melhoria e infraestrutura; nas mobilizações e campanhas contra a corrupção na esfera pública.
Se a política pode ser às vezes definida como “um mar de lama” pela sociedade, já descrente, não deixa de ser ela, todavia, um mecanismo de estruturação da sociedade, na medida em que fixa leis e impõe regras de sociabilidade, indispensáveis à vida coletiva – os antigos (gregos e romanos) viam a política como a mais alta expressão da dignidade humana, já que libertava o homem da barbárie primitiva e o inseria na esfera do mundo civilizado.
O mal não está, portanto, na política, mas neles próprios. O mesmo ocorre em outros campos da vida social, como na religião, cujos princípios gerais são por vezes corrompidos ou deturpados para benefício de seus líderes e prejuízo dos fiéis – “homens são homens”, já disse Shakespeare. Contra os “males da política” – ou, quem sabe, da própria natureza humana – existem remédios institucionais que, se não eliminam de todo a doença, a torna menos nefasta para a sociedade. Um desses “remédios” é o princípio da divisão do poder (concebido no século XVIII), do qual falaremos mais adiante, nas próximas discussões.

IMPORTANTE
Autorreflexão sobre a nossa responsabilidade com a política governamental

Você lembra em quem votou para presidente na última eleição? E para deputado estadual e federal? Na esfera municipal, lembra em quem votou para prefeito e vereador?  Esse é um bom exercício de consciência política que nos ajuda a medir o quanto estamos exercendo o direito de fiscalizar os mandatos de nossos representantes e participar ativamente do processo eleitoral.

* Este material é uma adaptação dos Módulos produzidos pela Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro intitulado “Ciências Humanas e suas tecnologias” de autoria da CECIERJ.

Disciplina de Sociologia Capítulo VI - Tópicos 1 e 2

1ª ATIVIDADE


Disciplina de Sociologia

Capítulo VI – Tópicos  1 e 2

Poder, Política e Estado

Conteúdos:
  • Poder;
  • Política.
Metodologia: Levantamento de hipóteses acerca das categorias "Poder" e "Política"; exposição do conteúdo, leitura coletiva, seguida de debate abordando, principalmente, a categoria "Política".

Recomendação de leitura para casa: Livro Didático páginas 136, 137, 138, 139 e 140.

Disciplina de Sociologia - Leitura complementar

2º ano do Ensino Médio

2ª ATIVIDADE

O que é cultura?
 
Figura 6: A chegada de Cristóvão Colombo. Óleo sobre tela 365.76 cm x 548.64 cm, 1847.

Algumas palavras são tão comuns em nosso vocabulário, que nos escapa o sentido que atribuímos a elas. Talvez o termo cultura seja um dos mais traiçoeiros; usamos esta palavra tanto para elogiar pessoas, obras de arte ou coisas, como para falar mal delas. Podemos dizer que alguém tem pouca cultura ou, ao contrário, que alguém tem cultura demais. Podemos usar o termo para falar do nosso modo de ser, que nos é evidente, “natural”, mas também para designar os modos e crenças de grupos cujas práticas nos parecem estranhas e exóticas. Nosso objetivo, agora, é perceber que “cultura” pode ser vista como um conceito, uma ideia, uma ferramenta de trabalho para as Ciências Sociais.
Não é necessário ir muito longe para encontrar hábitos e crenças diferentes dos seus. Você pode até não viajar para o Japão, mas pode atravessar a cidade ou viajar para o bairro ao lado e lá estão as diferenças. Pessoas se podem se vestir e se comportar de outra forma, ouvem músicas diferentes ou, mesmo se ouvirem a mesma música, aindapodem dançar de forma diferente. Talvez uma das poucas coisas universais entre os seres humanos, fora algumas características biológicas (como respirar, dormir ou comer), seja essa nossa infinita capacidade de inventar modos de vida distintos; de criar diferenças. Isso nos diferencia dos outros animais não-humanos. Um cachorro possivelmente será o mesmo cachorro, terá um comportamento muito semelhante, independentemente da cidade onde ele nasceu; mas os seres humanos não. Os demais animais estão presos aos seus instintos, a mecanismos hereditários que os fazem repetir comportamentos. Os seres humanos estão presos, como afirmam tantos antropólogos, de tantas formasdiferentes, aos “grilhões da tradição” ou às teias de significados do grupo onde nascemos e que nós re-inventamos todos os dias. Nós nascemos como animais inacabados, incompletos, que nos completamos através da cultura, um mecanismo de controle que regula o nosso comportamento. Para existirmos em um mundo específico, em um determinado universo social, precisamos desse mapa para nos situar. É isso que faz de nós seres humanos. Nós inventamos diferenças, atribuímos um sentido às nossas práticas e podemos ensinar isso aos nossos descendentes.

Inato ou adquirido? Biológico ou cultural?

O conceito de cultura nos ajuda a explicar um aparente paradoxo: apesar da unidade biológica da espécie humana, nós somos marcados por uma quase infinita diversidade cultural.

Ora, é a cultura que nos permite explicar esta questão: o que nos humaniza são nossas diferenças e especificidades, é o mapa que recebemos e transformamos para nos mover no mundo. Como disse o antropólogo Roberto da Matta,
"Cultura" não é simplesmente um referente que marca uma hierarquia de "civilização" mas a maneira de viver total de um grupo, sociedade, país ou pessoa. Cultura é, em Antropologia Social e Sociologia, um mapa, um receituário, um código através do qual as pessoas de um dado grupo pensam, classificam, estudam e modificam o mundo e a si mesmas. (...) No sentido antropológico, portanto, a cultura é um conjunto de regras que nos diz como o mundo pode e deve ser classificado. Ela, como os textos teatrais, não pode prever completamente como iremos nos sentir em cada papel que devemos ou temos necessariamente que desempenhar, mas indica maneiras gerais e exemplos de como pessoas que viveram antes de nós os desempenharam. (Da Matta, 1981: 2-3).

Alteridade e estranhamento: encontro de culturas, choque com o outro

Em termos gerais, sabemos que lidar com o outro não é fácil. Mas imagine que este outro é um extra-terrestre, e que não fazemos a mínima ideia sobre como o grupo no qual ele está inserido compreende o mundo. Não sabemos que idioma eles falam, quais deuses adoram- ou se adoram alguma coisa. Essa deve ter sido a sensação dos europeus ao chegar no “novo mundo”, no que chamaríamos depois de continente americano. Cristóvão Colombo não estava certo sequer se aquilo que ouvia quando os nativos emitiam sons era de fato um idioma ou simplesmente ruídos desconexos e sem sentido (Todorov, 2010). Um encontro tão radical com o outro pode ter uma série de consequências; o que os portugueses, espanhóis e nativos viveram neste encontro de diferenças foi o que podemos chamar de estranhamento como O estranhamento é uma experiência que pode ser definida a perplexidade provocada pelo encontro das culturas que são para nós as mais distantes, e cujo encontro vai levar a uma modificação do olhar que se tinha sobre si mesmo. De fato, presos a uma única cultura, somos não apenas cegos à dos outros, mas míopes quando se trata da nossa. (Laplantine, 2003: 21).
Essa sensação de estranhamento e a experiência da alteridade são necessárias se nos interessamos pela forma como os outros vivem e se pretendemos “desnaturalizar” a forma como nós mesmos vivemos. Esta é uma palavra que você vai ouvir muito neste curso, porque “desnaturalizar” o mundo social é um dos objetivos e uma das consequências de se estudar Ciências Sociais. Ao entrar neste mundo, nós tendemos a perceber que a nossa forma de ser
é apenas mais uma forma de ser. Ou seja, os hábitos e costumes humanos não estão inscritos em qualquer natureza, não são universais, mas variam conforme esta palavra curta, mas cheia de significado: a cultura.
Para fixar o que acabamos de ver, vamos conhecer dois conceitos que são centrais para o estudo da cultura nas Ciências Sociais: Etnocentrismo Relativismo Cultural

Etnocentrismo:
"Etnocentrismo é uma visão do mundo no qual tomamos nosso próprio grupo como centro de tudo, e os demais grupos são pensados e sentidos pelos nossos próprios valores, nossos modelos, nossas definições do que é existência. No plano intelectual pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade etc” (Rocha, 2006: p.7).
"O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como consequência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e natural. Tal tendência, denominada de etnocentrismo, é responsável em seus casos extremos pela ocorrência de numerosos conflitos sociais” (Laraia, 1986: p.75). 

Relativismo Cultural:
Quando vemos que as verdades da vida são menos uma questão de essência das coisas e mais uma questão de posição: estamos relativizando. Quando o significado de um ato é visto não na sua dimensão absoluta, mas no contexto do que acontece: estamos relativizando. Quando compreendemos o “outro” nos seus próprios valores e não nos nossos: estamos relativizando. Enfim, relativizar é ver as coisas do mundo como uma relação capaz de ter tido um nascimento, capaz de ter um fim ou uma transformação. Relativizar é não transformara diferença em hierarquia, em superiores ou inferiores ou em bem e mal, mas vê-la na sua dimensão de riqueza por ser diferença. (Rocha, 2006: p.20)

* Este material é uma adaptação dos Módulos produzidos pela Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro intitulado “Ciências Humanas e suas tecnologias” de autoria da CECIERJ

Disciplina de Sociologia Capítulo 3 - Tópicos 1 e 2

2º ano do Ensino Médio


1ª ATIVIDADE


Disciplina de Sociologia

Capítulo III – Tópicos  1 e 2

Cultura e Ideologia

Conteúdos:
  • Cultura;
  • Cultura e vida social
  • Etnocentrismo;
  • Relativismo Cultural.
Metodologia: Levantamento de hipóteses acerca do conceito de "Cultura"; exposição do conteúdo; leitura coletiva, seguida de debate abordando, principalmente, as categorias "Cultura",  "Etnocentrismo" e "Relativismo Cultural".

Recomendação de leitura para casa: Livro Didático páginas 58, 59, 60, 61, e 63.

Disciplina de Sociologia - Leitura complementar

2º ano do Ensino Médio

2ª ATIVIDADE

O que é cultura?
 
Figura 6: A chegada de Cristóvão Colombo. Óleo sobre tela 365.76 cm x 548.64 cm, 1847.

Algumas palavras são tão comuns em nosso vocabulário, que nos escapa o sentido que atribuímos a elas. Talvez o termo cultura seja um dos mais traiçoeiros; usamos esta palavra tanto para elogiar pessoas, obras de arte ou coisas, como para falar mal delas. Podemos dizer que alguém tem pouca cultura ou, ao contrário, que alguém tem cultura demais. Podemos usar o termo para falar do nosso modo de ser, que nos é evidente, “natural”, mas também para designar os modos e crenças de grupos cujas práticas nos parecem estranhas e exóticas. Nosso objetivo, agora, é perceber que “cultura” pode ser vista como um conceito, uma ideia, uma ferramenta de trabalho para as Ciências Sociais.
Não é necessário ir muito longe para encontrar hábitos e crenças diferentes dos seus. Você pode até não viajar para o Japão, mas pode atravessar a cidade ou viajar para o bairro ao lado e lá estão as diferenças. Pessoas se podem se vestir e se comportar de outra forma, ouvem músicas diferentes ou, mesmo se ouvirem a mesma música, aindapodem dançar de forma diferente. Talvez uma das poucas coisas universais entre os seres humanos, fora algumas características biológicas (como respirar, dormir ou comer), seja essa nossa infinita capacidade de inventar modos de vida distintos; de criar diferenças. Isso nos diferencia dos outros animais não-humanos. Um cachorro possivelmente será o mesmo cachorro, terá um comportamento muito semelhante, independentemente da cidade onde ele nasceu; mas os seres humanos não. Os demais animais estão presos aos seus instintos, a mecanismos hereditários que os fazem repetir comportamentos. Os seres humanos estão presos, como afirmam tantos antropólogos, de tantas formasdiferentes, aos “grilhões da tradição” ou às teias de significados do grupo onde nascemos e que nós re-inventamos todos os dias. Nós nascemos como animais inacabados, incompletos, que nos completamos através da cultura, um mecanismo de controle que regula o nosso comportamento. Para existirmos em um mundo específico, em um determinado universo social, precisamos desse mapa para nos situar. É isso que faz de nós seres humanos. Nós inventamos diferenças, atribuímos um sentido às nossas práticas e podemos ensinar isso aos nossos descendentes.

Inato ou adquirido? Biológico ou cultural?

O conceito de cultura nos ajuda a explicar um aparente paradoxo: apesar da unidade biológica da espécie humana, nós somos marcados por uma quase infinita diversidade cultural.

Ora, é a cultura que nos permite explicar esta questão: o que nos humaniza são nossas diferenças e especificidades, é o mapa que recebemos e transformamos para nos mover no mundo. Como disse o antropólogo Roberto da Matta,
"Cultura" não é simplesmente um referente que marca uma hierarquia de "civilização" mas a maneira de viver total de um grupo, sociedade, país ou pessoa. Cultura é, em Antropologia Social e Sociologia, um mapa, um receituário, um código através do qual as pessoas de um dado grupo pensam, classificam, estudam e modificam o mundo e a si mesmas. (...) No sentido antropológico, portanto, a cultura é um conjunto de regras que nos diz como o mundo pode e deve ser classificado. Ela, como os textos teatrais, não pode prever completamente como iremos nos sentir em cada papel que devemos ou temos necessariamente que desempenhar, mas indica maneiras gerais e exemplos de como pessoas que viveram antes de nós os desempenharam. (Da Matta, 1981: 2-3).


Alteridade e estranhamento: encontro de culturas, choque com o outro

Em termos gerais, sabemos que lidar com o outro não é fácil. Mas imagine que este outro é um extra-terrestre, e que não fazemos a mínima ideia sobre como o grupo no qual ele está inserido compreende o mundo. Não sabemos que idioma eles falam, quais deuses adoram- ou se adoram alguma coisa. Essa deve ter sido a sensação dos europeus ao chegar no “novo mundo”, no que chamaríamos depois de continente americano. Cristóvão Colombo não estava certo sequer se aquilo que ouvia quando os nativos emitiam sons era de fato um idioma ou simplesmente ruídos desconexos e sem sentido (Todorov, 2010). Um encontro tão radical com o outro pode ter uma série de consequências; o que os portugueses, espanhóis e nativos viveram neste encontro de diferenças foi o que podemos chamar de estranhamento como O estranhamento é uma experiência que pode ser definida a perplexidade provocada pelo encontro das culturas que são para nós as mais distantes, e cujo encontro vai levar a uma modificação do olhar que se tinha sobre si mesmo. De fato, presos a uma única cultura, somos não apenas cegos à dos outros, mas míopes quando se trata da nossa. (Laplantine, 2003: 21).
Essa sensação de estranhamento e a experiência da alteridade são necessárias se nos interessamos pela forma como os outros vivem e se pretendemos “desnaturalizar” a forma como nós mesmos vivemos. Esta é uma palavra que você vai ouvir muito neste curso, porque “desnaturalizar” o mundo social é um dos objetivos e uma das consequências de se estudar Ciências Sociais. Ao entrar neste mundo, nós tendemos a perceber que a nossa forma de ser
é apenas mais uma forma de ser. Ou seja, os hábitos e costumes humanos não estão inscritos em qualquer natureza, não são universais, mas variam conforme esta palavra curta, mas cheia de significado: a cultura.
Para fixar o que acabamos de ver, vamos conhecer dois conceitos que são centrais para o estudo da cultura nas Ciências Sociais: Etnocentrismo Relativismo Cultural


Etnocentrismo:
"Etnocentrismo é uma visão do mundo no qual tomamos nosso próprio grupo como centro de tudo, e os demais grupos são pensados e sentidos pelos nossos próprios valores, nossos modelos, nossas definições do que é existência. No plano intelectual pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade etc” (Rocha, 2006: p.7).
"O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como consequência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e natural. Tal tendência, denominada de etnocentrismo, é responsável em seus casos extremos pela ocorrência de numerosos conflitos sociais” (Laraia, 1986: p.75). 

Relativismo Cultural:
Quando vemos que as verdades da vida são menos uma questão de essência das coisas e mais uma questão de posição: estamos relativizando. Quando o significado de um ato é visto não na sua dimensão absoluta, mas no contexto do que acontece: estamos relativizando. Quando compreendemos o “outro” nos seus próprios valores e não nos nossos: estamos relativizando. Enfim, relativizar é ver as coisas do mundo como uma relação capaz de ter tido um nascimento, capaz de ter um fim ou uma transformação. Relativizar é não transformara diferença em hierarquia, em superiores ou inferiores ou em bem e mal, mas vê-la na sua dimensão de riqueza por ser diferença. (Rocha, 2006: p.20)

* Este material é uma adaptação dos Módulos produzidos pela Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro intitulado “Ciências Humanas e suas tecnologias” de autoria da CECIERJ

Disciplina de Sociologia - Leitura complementar

1º ano do Ensino Médio


2ª ATIVIDADE

Disciplina de Sociologia

Conhecimento sociológico e senso comum

A Sociologia corresponde às três disciplinas das Ciências SociaisSociologia, Antropologia e Ciência Política.

Conheceremos algumas ferramentas das Ciências Sociais que podem contribuir para olharmos o mundo e o nosso cotidiano de forma mais crítica. Passearemos brevemente pelos autores considerados mais importantes nessa área. Iniciaremos nossa unidade abordando o tema conhecimento sociológico, para entender em que sentido ele se diferencia de outras formas de conhecimento.

Conhecer, segundo o dicionário Aurélio de língua portuguesa, é ter noção, conhecimento, informação e saber.



Figura 1: Temos como sinônimos de conhecimento os substantivos ideia, noção, informação, notícia, ciência, prática da vida, experiência, discernimento, critério, apreciação, consciência de si mesmo e acordo.

Estes são substantivos que nos são extremamente familiares, e nos remetem a habilidades que todos nós vamos desenvolvendo ao longo da vida. Mas, há muitas formas e maneiras de obter ou produzir conhecimento. O que será que diferencia o conhecimento sociológico de outras formas de conhecimento?

Chamamos de senso comum o conhecimento que resulta de opiniões geralmente aceitas de modo acrítico como verdades, comumente compartilhadas por indivíduos de uma determinada época, local ou grupo social. É uma forma de conhecimento baseada muitas vezes no pensamento mais imediato, resultante da experiência de vida cotidiana, que, por exemplo, associa os comportamentos dos indivíduos à natureza humana, ao invés de relacioná-los à cultura. Estes pensamentos muitas vezes nos são transmitidos a partir dos meios de comunicação de massa, uma vez que podem representar a expressão de muitas pessoas.

O senso comum é indispensável à continuidade das nossas vidas porque muito do que aprendemos para o dia a dia, chega até nós, desde a mais tenra infância, por meio de conhecimento transmitido a partir do senso comum.

Mas importantes sociólogos alertam: quando repetidos muitas vezes, os fatos tendem a se tornar familiares, e o que é familiar costuma ser considerado autoexplicativo, por vezes não apresentando problemas, por vezes não despertando muita curiosidade.

O conhecimento sociológico por sua vez, visa refletir criticamente sobre os fatos, fenômenos e acontecimentos sociais, a partir de ferramentas próprias da Sociologia, na tentativa de extrapolar os sentidos do senso comum. Muitas vezes o conhecimento sociológico nos faz olhar por outros ângulos, nos deslocando daquilo que já conhecemos e nos lançando a caminhos que estão a ser descobertos. A Sociologia, ao contrário do senso comum, atina-se a um discurso responsável, utilizando os atributos da ciência para se distinguir de outras formas de conhecimento.

O saber sociológico pode oferecer algo que o senso comum, por mais rico que seja, não poderia dar. Mas qual seria a diferença entre um tipo de conhecimento e outro, então?

Para Bauman e May (2010), dois sociólogos contemporâneos, a Sociologia e o senso comum diferem quanto ao sentido que cada um atribui à vida humana em termos de como entendem e como explicam os eventos, circunstâncias, fatos, fenômenos e culturas. Pensar sociologicamente é dar sentido à vida através da análise das numerosas teias de interdependência humana. O objetivo maior da disciplina seria então a compreensão. Pensar sociologicamente pode nos tornar mais abertos em relação ao que é diferente ou ao que não conhecemos; pode nos ajudar a tentar estranhar o que é considerado natural. Quanto mais viável for essa aventura, mais flexíveis os indivíduos serão, e mais poder terão!

O nascimento da Sociologia

A Sociologia é uma disciplina que nasce no século XIX como resposta às grandes transformações socioeconômicas da Europa. Você deve ter visto em História que a desintegração da ordem feudal, o Renascimento e o Iluminismo, deram os contornos para a sociedade capitalista. Foram base para esses contornos as mudanças que o mundo viu a partir dos séculos XV e XVI e as novas configurações políticas, sociais, econômicas e culturais trazidas pelas Revoluções Industrial e Francesa no século XVIII. A Sociologia surge, portanto, num contexto de revoluções, e há diferentes correntes sociológicas para a compreensão desta nascente sociedade moderna.

São três os principais pensadores da Sociologia: Karl MarxMax Weber Émile Durkheim, que se tornaram os clássicos da disciplina, e são considerados seus fundadores.Esses pensadores estavam tentando entender o sentido das transformações sociais e dar conta da complexidade e atrocidades de um mundo industrializado, que produziu novas diferenças entre grupos sociais.

Cada um desses autores está ligado a uma corrente filosófica e a um contexto social específico. Estes intelectuais estabeleceram abordagens conhecidas até hoje por todos os que estudam Ciências Sociais. Suas ideias e obras se difundiram pelo mundo, inspirando muitas gerações de sociólogos em vários países. Por isso eles são considerados clássicos da disciplina.

Você pode fazer o exercício de pensar que muitos acontecimentos da vida social ainda podem ser analisados a partir das sugestões desses intelectuais.

As ferramentas dos sociólogos são os conceitos, as ideias e as noções. Eles visam sintetizar as representações mais gerais e abstratas do que queremos falar. É a partir deles que analisamos a realidade social.  Vejamos as principais ferramentas dos clássicos da Sociologia, para em seguida fazer um exercício que vai nos fazer refletir sobre sensocomum e conhecimento sociológico.



Karl Marx (1818 – 1883) é um teórico clássico do pensamento sociológico que tem exercido grande influência na Sociologia e na política no mundo inteiro. Foi um autor muito preocupado com a opressão das forças econômicas da sociedade capitalista. Escreveu muitas obras, sendo a principal e a mais popular - O Capital, em que aborda o sistema capitalista. Este autor explica a história a partir da luta de classes, o conflito e o confronto entre duas classes sociais antagônicas na luta por seus interesses:a burguesia e o proletariado. No modo de produção capitalista, temos um antagonismo entre a burguesia, classe social que detém os meios de produção (fábricas, terras, capital), e o proletariado, classe social representada pelos trabalhadores, obrigados a vender sua força de trabalho. Em Marx, o papel do pensamento sociológico é a transformação da sociedade, que tende ao conflito de classes.




Max Weber (1864-1920) Na Alemanha, Weber foi um autor bastante preocupado em definir métodos e ferramentas de trabalho para os sociólogos. Este autor também se preocupou em estudar o capitalismo, mas prestou especial atenção à cultura e aos significados da ação dos homens na criação desse capitalismo. Sua principal obra foi “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, na qual aborda as relações entre política, economia e crenças religiosas. Diferentemente da perspectiva de Durkheim, para ele, a sociedade se forma a partir do conjunto de ações dos indivíduos. Por isso, um dos conceitos fundamentais em sua obra é o de ação social: é o homem que determina o sentido de seus atosA tarefa da Sociologia é compreender o sentido que o ator social atribui à sua conduta. A ação torna-se social na medida em que cada indivíduo age levando em conta a reação dos outros indivíduos.



Émile Durkheim (1858 – 1917) é considerado um dos primeiros teóricos da Sociologia, instituindo-a como disciplina na França. Para este autor, a sociedade funcionava como um organismo exterior e superior aos indivíduos, manifestando-se a partir de um conjunto de crenças, tendências, leis, normas, regras e práticas do grupo tomadas coletivamente, que determinam a maneira de ser e agir dos indivíduos. Para ele a tarefa da Sociologia é a de organização da sociedade, a partir da descoberta das suas leis de funcionamento, através do estudo dos fatos sociais maneiras de agir, de pensar e de sentir gerais, exteriores ao indivíduo e que se impõe de forma coercitiva. Eles são fenômenos sociais que devem ser observados pelo cientista de forma objetiva.

* Este material é uma adaptação dos Módulos produzidos pela Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro intitulado “Ciências Humanas e suas tecnologias” de autoria da CECIERJ.

Disciplina de Sociologia Capítulo I - Tópicos 1, 2, 3, 4, 5

1º ano do Ensino Médio


1ª ATIVIDADE


Disciplina de Sociologia

Capítulo I – Tópicos  1, 2, 3, 4 e 5

Produção de conhecimento: uma das características fundamentais das sociedades humanas


Conteúdos:
  • As diferentes formas de conhecimento;
  • O debate entre as diferentes concepções sobre a relação entre CIÊNCIA e SENSO COMUM e as consequências para a compreensão da realidade social.
Metodologia: Levantamento de hipóteses; exposição do conteúdo; leitura coletiva seguida de debate abordando, principalmente, as categorias "Ciência" e "Senso Comum".

Recomendação de leitura para casa: Livro Didático páginas 14, 15, 16, 17, 18 e 19.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

1º ano EJA

6ª ATIVIDADE

Disciplina de Sociologia

Seção 3 – Unidade I
                                                                       
Cultura, diversidade cultural e identidade

A partir das noções de etnocentrismo e relativismo cultural discutidas na seção anterior, podemos começar a refletir sobre como nascem os choques culturais. O antropólogo Everardo Rocha diz que “a diferença é ameaçadora porque fere nossa própria identidade cultural”. Mas, o que podemos entender por identidade cultural?
Podemos estabelecer um nexo entre identidade, ideologia e representações coletivas, como propõe o antropólogo Roberto Cardoso de Oliveira. Para este autor, a identidade social é uma ideologia e uma forma de representação coletiva. Trocando em miúdos, a identidade social significa a forma como nos apresentamos ou nos mostramos ao mundo. É como achamos que somos e como dizemos que somos. Muitas vezes consideramos que somos de uma
forma; que nascemos dessa forma e não conseguimos enxergar o peso da cultura na nossa formação. A identidade social também está relacionada à forma como somos vistos, que imagem fazem de nós (e que às vezes não corresponde à imagem que temos de nós mesmos) e que exigências nos colocam para desempenhar e cumprir os nossos vários papéis identitários.
Um mesmo indivíduo pode ter várias identidades sociais, visto que participa de diferentes grupos sociais ao longo da vida e estabelece vários papéis em cada um deles, em cada momento. Logo, as identidades são construídas ao longo de um processo e estão intimamente relacionadas com a biografia e a trajetória de vida dos indivíduos, e estão inscritas nos sistemas de relações sociais que lhes originaram.

ATIVIDADE

No texto “O impacto do conceito de cultura sobre o conceito de homem”, o antropólogo Clifford Geertz faz a seguinte afirmação: “Um dos fatos mais significativos a nosso respeito pode ser, finalmente, que todos nós começamos com o equipamento natural para viver milhares de espécies de vidas, mas terminamos por viver apenas uma espécie (1989, p.57). O que ele pretende dizer com isso? Você acha que viveria a mesma vida se tivesse nascido em outro lugar? Como você acha que a noção de cultura influencia na identidade de grupos ou pessoas? 

Identidade, pertencimento e diversidade cultural: muitos Brasis em um Brasil

Quando falamos em diversidade cultural entendemos que há distintas sociedades e culturas. Em diferentes tempos e espaços, os seres humanos adotam maneiras variadas de convivência, valorizando suas diferenças e criando formas de expressá-las em seu meio social. São justamente as diferenças sociais que traduzem a possibilidade de os indivíduos ampliarem suas experiências culturais na sociedade, à medida que podem recriar, dentre outros, valores, normas, ideias, saberes, hábitos e crenças. Desta forma, os sujeitos recriam permanentemente a própria cultura; como diria o antropólogo Roque Laraia, a cultura é dinâmica, está em constante movimento e recriação.
           A diversidade cultural é um conceito abrangente, dizendo respeito ao complexo de diferenças culturais que podemos observar entre os indivíduos, tais como linguagem, danças, vestuário, tradições, preceitos morais, religião e as próprias formas de os indivíduos se organizarem em determina da sociedade. Este conceito diz respeito à variedade de práticas culturais e ideias expressas pelas pessoas em determinado ambiente social. (SOUSA, 2008, p. 132).
As regiões brasileiras apresentam diferentes peculiaridades culturais, que podem se expressar a partir das comidas, bebidas, vestimentas, formas de falar, danças etc. No Nordeste, a cultura é representada através de danças e festas como o bumba-meu-boi, maracatu, caboclinhos, carnaval, ciranda, coco, reisado, frevo, cavalhada e poeira, dentre outras. O Centro-Oeste brasileiro tem sua cultura representada pelas Cavalhadas e Procissão do Fogaréu, no Estado de Goiás, o Cururu em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. As representações culturais do Norte do Brasil estão em festas populares como o Círio de Nazaré. No Sudeste, varias festas populares de cunho religioso são celebradas, como os festejos de Páscoa e dos Santos Padroeiros, com destaque para a peregrinação a Aparecida (SP), congada, cavalhadas em Minas Gerais, bumba-meu-boi, carnaval, peão-boiadeiro. O Sul apresenta aspectos culturais dos imigrantes portugueses, espanhóis e principalmente alemães e italianos. Algumas cidades celebram tradições dos antepassados em festas típicas como a Festa da Uva (cultura italiana) e a Oktoberfest (cultura alemã), o fandango de influência portuguesa e espanhola, pau de fita e congada.
Identidade e globalização

O sociólogo Manuel Castells considera que atualmente nosso mundo vem sendo moldado pelas tendências conflitantes da globalização e da identidade. Para ele, “a revolução da tecnologia da informação e a reestruturação do capitalismo introduziram uma nova forma de sociedade, a sociedade em rede” (Castells, 2002: 17). Mas, o que será que o autor quer dizer com o termo sociedade em rede?
A sociedade em rede se caracteriza pela globalização das atividades econômicas, pela sua organização em redes, pela instabilidade dos empregos, pela virtualidade construída pelos sistemas de mídia altamente diversificados e pela transformação do tempo e espaço de nossas vidas. Essa forma de organização social penetra por todos os níveis da sociedade e está sendo difundida em todo o mundo, abalando instituições, transformando culturas, criando riquezas, induzindo a pobreza. Por outro lado, a internet também se torna um instrumento poderoso para movimentos sociais, que passam a utilizar esse instrumento em resposta à globalização computadorizada dos mercados financeiros.
O mundo atual apresenta, portanto, uma interação entre a globalização induzida pela tecnologia, o poder da identidade (sexual, religiosa, étnica, territorial etc) e as instituições do Estado. Ao mesmo tempo em que o processo de globalização econômica avança e continua a produzir pobreza e desigualdades sociais, os movimentos sociais e as pessoas que se organizam em redes formam ações coletivas que podem transformar os valores e instituições da sociedade (Castells, 2002).
Para alguns autores, como Manuel Castells, o processo de globalização tecnoeconômica que vem moldando nosso mundo está sendo contestado e será, em última análise, transformado, a partir de uma multiplicidade de fatores, de acordo com diferentes culturas, histórias e geografias” (Castells, 2002:19).

* Este material é uma adaptação dos Módulos produzidos pela Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro intitulado “Ciências Humanas e suas tecnologias” de autoria da CECIERJ