3º ano do Ensino Médio
2ª ATIVIDADE
Disciplina de Sociologia
1º Bimestre
Eixo: Relações de poder e movimentos sociais- a luta
pelos direitos na sociedade contemporânea
Conteúdo: Política
A palavra política costuma ser usada de diferentes maneiras no
cotidiano das pessoas. Uma delas, a mais frequente, se refere às ações dos
governos e de seus opositores. Tem a ver, por exemplo, com o discurso de um
deputado ou senador na tribuna, ou com uma reunião de partido. Nesse sentido, a
política diz respeito a uma atividade específica de certas pessoas: os
políticos profissionais. Estes disputam permanentemente espaço nos órgãos da
administração pública, como parlamento e ministérios.
Figura 1: Câmara dos Deputados, Brasília
Se
política quer dizer isso em sentido específico, em sentido geral política
engloba toda e qualquer atividade humana que se destina a um fim, a um
objetivo, a uma forma de organizar as atividades humanas. Desse modo, falamos
de “política da escola”, “política do hospital”, “política da empresa”,
“política sindical”, e por aí vai. A
maneira como uma instituição define sua estratégia de atuação ou a
administração de seus recursos é, por assim dizer, política. Ainda nesse
sentido, não só as instituições, mas também as pessoas comuns, todas, fazem
política em seu cotidiano – no trabalho, na relação com os amigos, e até no
amor. Dizemos às vezes: “Você precisa ser mais político” – o que não significa
dizer “ser mais politizado” ou se interessar mais por “política”. A atividade
política tem como finalidade prática a conservação ou a transformação das
condições objetivas da sociedade.
Figura 2: Político
No primeiro sentido que damos à palavra política – que é o que nos
interessa aqui – a “política” figura como alguma coisa distante da vida comum
das pessoas ou da sociedade em que vivemos, já que acreditamos não ser
praticada por nós mesmos, mas por “outros”, os políticos profissionais
(deputados, senadores, ministros, governantes). A ideia de que a política não
tem a ver conosco é resultado, em grande parte, da maneira negativa como a
enxergamos – um jogo de interesses escusos e de práticas desonestas, contrário
ao interesse público. Para muita gente, os políticos são pessoas desonestas e
descomprometidas com o bem comum – “político é tudo ladrão”, dizem por aí.
Contudo, além de ser uma generalização (e, como toda
generalização, um preconceito) a política não é praticada apenas pelos
políticos profissionais, e tampouco se restringe aos grandes centros de tomada
de decisão (assembleias legislativas, palácios presidenciais). É, sim, feita por todos nós, cidadãos comuns,
nas urnas, nos protestos de rua, nas marchas e passeatas populares que levantam
bandeiras e defendem causas de setores ou grupos da sociedade. Você já refletiu
sobre isso?
Assim,
uma parada gay e uma greve de professores da rede pública ou privada de
ensino são exemplos de mobilização política – porque incidem sobre a classe
política propriamente dita, influenciando a produção legislativa e as decisões
de governo. Mesmo as pessoas que se recusam a votar neste ou naquele candidato,
ou a sair às ruas para protestar contra o que quer que seja, declarando-se
“apolíticas”, agem politicamente, pois sua decisão de não participar, de não
exercer seus direitos políticos, acaba favorecendo o grupo político que está na
situação ou no comando.
A invenção da
política pelos gregos
Costumamos
dizer que os gregos antigos “inventaram” a política. Inventaram-na porque,
antes de qualquer outro povo, pensaram a sociedade como um campo em que os
homens têm papel ativo e decisivo, diferentemente da natureza, que não pode ser
modificada mediante a vontade ou a iniciativa dos seres humanos. A ação política ficou assim entendida pelos
gregos da Antiguidade como toda ação
humana que pretende moldar a sociedade, estabelecendo suas regras de
funcionamento e padrões de
convivência.
No
universo grego tradicional, a cidade (polis) é o centro de referência ou
de gravitação da vida política – não por acaso, a palavra “política” vem daí.
Tudo que acontece na cidade é de caráter público e, portanto, político. Assim,
a política diz respeito à administração da cidade, dos negócios públicos, o que
fica a cargo não de pessoas específicas ou treinadas para isso, mas de todos os
cidadãos reunidos em
praça pública ou
assembleia – era assim que os gregos faziam política: todos participando
diretamente da “agenda de governo” da cidade.
Determinadas
instituições sociais, mesmo não sendo a rigor “políticas”, atuam politicamente
na sociedade ao influenciar o comportamento de indivíduos e grupos, seja em
favor do poder, seja na contramão deste. Esse é o caso da Igreja Católica, que
durante o século XX se opôs abertamente ao regime comunista instalado nos
países do leste europeu, de onde o catolicismo ortodoxo foi banido pelos
soviéticos.
As
revoluções e os movimentos sociais são geralmente formas de atividade política
que se destinam a provocar mudanças na sociedade, de modo turbulento e radical
(primeiro caso) ou brando e gradual (segundo caso). Como exemplos de atividades
políticas de caráter conservador e transformador (ou progressista), podemos
mencionar, respectivamente, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade (1964),
que reuniu centenas de pessoas nas ruas de São Paulo contra o governo do
presidente João Goulart (1961-1964), ajudando a precipitar o golpe militar de
1964, que o derrubou do poder, e a campanha das Diretas Já (1983-1984),
movimento popular em favor das eleições diretas para Presidente da República,
“trancadas” pelo regime ditatorial. instalado no país pelos militares.
Revoluções e seus impactos
Figura 4: Revolução francesa
As revoluções são acontecimentos políticos pouco comuns na vida
dos povos. Algumas revoluções tiveram impacto não só sobre a sociedade que lhe
serviu de palco como também fora dela – exemplo: a Revolução Francesa, cujos
ideais de liberdade, igualdade e fraternidade se espalharam por todo o Ocidente.
Já a revolução socialista cubana, que levou seu líder Fidel Castro ao poder em
1959, não se propagou por outros países do continente, apesar da tentativa de Che
Guevara (“braço direito” de Fidel), morto na selva da Bolívia pelo exército
deste país.
Podemos
concluir que a política, em sentido restrito, tem a ver com o poder. Daí a política significar, para o grande sociólogo
Max Weber (1864-1920), “a participação
no poder ou a luta para influir na distribuição do poder, seja entre Estados ou
entre grupos dentro de um Estado” (Weber, 1974). Contudo, como assinalamos
acima, tomam parte na política não
só seus respectivos especialistas – os “políticos” –, mas os cidadãos em geral.
Estes atuam politicamente não apenas
de tempo em tempo, nas eleições, mas de muitas outras formas, regularmente –
nas associações de moradores, que
formam para cobrar dos governos obras de melhoria e infraestrutura; nas
mobilizações e campanhas contra a corrupção na
esfera pública.
Se
a política pode ser às vezes definida como “um mar de lama” pela sociedade, já
descrente, não deixa de ser ela, todavia, um mecanismo de estruturação da
sociedade, na medida em que fixa leis e impõe regras de sociabilidade, indispensáveis
à vida coletiva – os antigos (gregos e romanos) viam a política como a mais
alta expressão da dignidade humana, já que libertava o homem da barbárie
primitiva e o inseria na esfera do mundo civilizado.
O
mal não está, portanto, na política, mas neles próprios. O mesmo ocorre em
outros campos da vida social, como na religião, cujos princípios gerais são por
vezes corrompidos ou deturpados para benefício de seus líderes e prejuízo dos fiéis
– “homens são homens”, já disse Shakespeare. Contra os “males da política” –
ou, quem sabe, da própria natureza humana – existem remédios institucionais
que, se não eliminam de todo a doença, a torna menos nefasta para a sociedade.
Um desses “remédios” é o princípio da divisão do poder (concebido no século
XVIII), do qual falaremos mais adiante, nas
próximas discussões.
IMPORTANTE
Autorreflexão sobre a nossa responsabilidade com a
política governamental
Você lembra em
quem votou para presidente na última eleição? E para deputado estadual e federal?
Na esfera municipal, lembra em quem votou para prefeito e vereador? Esse é um bom exercício de consciência
política que nos ajuda a medir o quanto estamos exercendo o direito de
fiscalizar os mandatos de nossos representantes e participar ativamente do
processo eleitoral.




Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua participação é fundamental!